Mais de um ano após a irrupção da pandemia de coronavírus na sua vida quotidiana, os europeus conservam uma atitude positiva em relação à UE, de acordo com o último Eurobarómetro Standard realizado entre fevereiro e março de 2021.

A imagem da UE e a confiança na União aumentaram e atingiram os seus níveis mais elevados em mais de uma década, com Portugal em posição de destaque, registando os valores mais elevados em inúmeros parâmetros.

Os cidadãos europeus identificam a saúde e a situação económica como as duas principais preocupações, tanto a nível da UE como a nível nacional.

O inquérito também indica um aumento da preocupação com a situação atual das economias nacionais: 69 % dos europeus consideram que a situação atual é «má» e 61 % temem que a economia do seu país irá recuperar do impacto da pandemia «em 2023 ou posteriormente».

1. Confiança e imagem da UE

Perto de metade dos europeus confiam na União Europeia (49 %), após um aumento de 6 pontos desde o Eurobarómetro Standard do verão de 2020. É o nível mais elevado registado desde a primavera de 2008. A confiança nos governos nacionais (36 %) e nos parlamentos nacionais (35 %) perdeu terreno, embora permaneça a um nível mais elevado do que no outono de 2019.

Em 20 Estados-Membros, a maioria dos inquiridos afirma confiar na UE, com os níveis mais elevados em Portugal (78 %) e na Irlanda (74 %). A confiança na UE aumentou em 23 Estados-Membros da UE relativamente ao Eurobarómetro do verão de 2020, com Portugal a registar um aumento espetacular de 22 pontos percentuais (pp).

A imagem positiva da UE (46 %) atingiu o seu nível mais elevado desde o outono de 2009, após um aumento de 6 pontos percentuais desde o verão de 2020. Menos pessoas têm uma imagem neutra da UE (38 %, -2 pp), enquanto 15 % (-4 pp) têm uma imagem negativa da UE.

A maioria dos inquiridos tem uma imagem positiva da UE em 25 Estados-Membros da UE (contra 13 no verão de 2020), com as percentagens mais elevadas em Portugal (76 %) e na Irlanda (75 %). Desde o verão de 2020, a proporção de inquiridos com uma imagem positiva da UE aumentou em 24 Estados-Membros, especialmente em Malta (50%, +25 pp) e Portugal (76%, +21 pp).

2. Principais preocupações a nível da UE e nacional

Quase quatro em cada dez cidadãos da UE consideram que a saúde é o problema mais importante que a UE enfrenta atualmente: 38 % dos inquiridos mencionam agora esta questão, o que representa um aumento acentuado de 16 pontos percentuais desde o verão de 2020. Assumiu o primeiro lugar ultrapassando a situação económica (35 %, sem alteração), passando o estado das finanças públicas dos Estados-Membros para a terceira posição (21 %, -2 pp). Ainda assim a situação económica é a questão mais mencionada em seis países, com a percentagem mais elevada em Portugal (50 %). O estado das finanças públicas dos Estados-Membros é a primeira resposta dada na Finlândia (45 %) e a segunda questão mais mencionada em Portugal (33 %).

O ambiente e as alterações climáticas estão agora em quarto lugar (20 %, sem alteração), enquanto a imigração, com 18 % após uma diminuição de 5 pontos, caiu, pela primeira vez desde o outono de 2014, das primeiras três preocupações. O desemprego encontra-se na sexta posição, com 15 % das menções (-2 pontos percentuais).

No que diz respeito às principais preocupações a nível nacional, a saúde é também vista como a questão mais importante (44 %), após um aumento de 13 pontos percentuais desde o verão de 2020. A situação económica está em segundo lugar, mencionada por um terço dos europeus (33 %, sem alteração), enquanto um quarto dos europeus refere o desemprego (25 %, -3 pp).

3. A situação económica e o euro

A perceção da economia nacional continuou a deteriorar-se: apenas 29 % dos cidadãos da UE consideram agora que a situação é «boa» (-5 pontos percentuais desde o verão de 2020, -18 desde o outono de 2019), o nível mais baixo deste indicador desde a primavera de 2013. A percentagem de europeus que consideram que esta situação é «má» ganhou terreno na mesma proporção (69 %, +5).

A perceção positiva da situação atual da economia nacional varia muito entre os Estados-Membros da UE, variando entre 86 %, no Luxemburgo, e 7 %, em Itália. Apenas 10 % dos portugueses veem a situação económica de Portugal como «positiva».

Em 22 Estados-Membros da UE (sem alterações desde o verão de 2020), a maioria dos inquiridos é a favor de «uma união económica e monetária europeia com uma moeda única, o euro». Portugal (95 %) regista a mais elevada percentagem neste apoio. Desde o verão de 2020, o apoio ao euro aumentou em 20 Estados-Membros, sobretudo na Chéquia (40 %, +19 pontos percentuais), e em Portugal (95 %, +13 pp).

O apoio ao euro continua a ser muito elevado79 % (+4) dos cidadãos da área do euro são a favor do euro, o ponto mais alto desde 2004, com valores que variam entre 95 %, em Portugal, e 70 %, em França e na Áustria.

4. A pandemia de coronavírus

43 % dos europeus estão satisfeitos com as medidas tomadas até à data pelos governos nacionais para combater a pandemia (-19 pontos percentuais desde o verão passado), enquanto 56 % estão insatisfeitos (+19 pp).

A mesma proporção está satisfeita com as medidas tomadas pela UE (43 %, -2 pp), enquanto 49 % estão insatisfeitos (+5 pp). No entanto, 59 % confiam na UE para tomar as decisões certas na sua resposta à pandemia no futuro.

Em 24 países, pelo menos metade da população confia na UE para tomar as decisões certas no futuro, atingindo esta percentagem os 89 % em Portugal. Em comparação com o verão de 2020, a confiança na UE para tomar as decisões certas no futuro perdeu terreno em 17 países. Aumentou em sete, sobretudo em Malta (79 %, +21 pp) e Portugal (89 %, +13 pp). Há 13 Estados-Membros da UE onde a maioria dos inquiridos está satisfeita com as medidas tomadas pela União Europeia para combater a pandemia (contra 19 Estados-Membros no verão de 2020), registando-se as percentagens mais elevadas na Dinamarca (68 %), Lituânia (67 %) e Portugal (66 %). A satisfação com as medidas tomadas pela União Europeia para combater a pandemia de coronavírus aumentou em 12 países, sobretudo na Dinamarca (68 %, +11 pp), Itália (46 %; +10 pp), Malta (55 %, +9 pp), Lituânia (67 %, +8 pp) e Portugal (66 %, +8 pp). Investir mais dinheiro na economia para uma recuperação sustentável e justa em todos os Estados-Membros da UE ocupa a primeira posição em quatro países, com a percentagem mais elevada em Portugal (45 %).

Mais de seis em cada dez europeus (61 %) pensam que a economia do seu país recuperará do impacto da pandemia de coronavírus em 2023, ou mais tarde. Menos de um quarto pensam que a recuperação ocorrerá em 2022 (23 %) e apenas 5 % pensam que será este ano, em 2021. Quase um em cada dez europeus teme que a economia do seu país nunca recupere do impacto da pandemia (8 %).

A maioria dos europeus considera que o plano de recuperação da UE no valor de 750 mil milhões de euros, NextGenerationEU, é um instrumento eficaz para dar resposta aos efeitos económicos da pandemia de coronavírus (55 %). Perto de quatro em cada dez europeus pensam que esse plano não é eficaz (38 %).

Desde o verão de 2020, a experiência pessoal dos europeus em matéria de medidas de combate à pandemia, como o confinamento, deteriorou-se: uma maioria dos cidadãos da UE considera agora essa experiência foi difícil de viver (40 %, +8 pontos percentuais desde o verão de 2020), enquanto menos de três em cada dez afirmam ser «fácil de gerir» (29 %, -9 pp). A percentagem que afirma que essa experiência foi «ao mesmo tempo fácil e difícil de enfrentar» manteve-se praticamente inalterada, situando-se em 31 % (+1 pp).

5. Vacinação contra a COVID-19

45 % dos europeus responderam que gostariam de ser vacinados o mais rapidamente possível – ou que já tinham sido vacinados no momento do inquérito, e 20 % gostariam de o fazer em 2021. 21 % prefeririam ser vacinados mais tarde. Apenas 12 % afirmam que nunca serão vacinados e 2 % que «não sabem».

Em 21 países, a maioria dos inquiridos gostaria de ser vacinada o mais rapidamente possível ou já foi vacinada, registando-se as maiores percentagens na Irlanda (74 %), na Dinamarca (73 %) e na Suécia (71 %). Por outro lado, menos de um inquirido em cada cinco pretende ser vacinado o mais rapidamente possível na Bulgária (19 %) e em Chipre (16 %).

Em Portugal, 48 % dos inquiridos declararam querer ser vacinados «o mais rapidamente possível», 25 % queriam fazê-lo em 2021, 17 % queriam deixar para «mais tarde», 5 % já estavam vacinados e 5 % não se queriam vacinar.

Contexto

O «Eurobarómetro Standard – Inverno 2020-2021» (EB 94) foi realizado com base em entrevistas presenciais e em linha entre 12 de fevereiro e 18 de março de 2021 nos 27 Estados-Membros da UE e em doze países ou territórios[1]. Entre 12 de fevereiro e 11 de março de 2021, realizaram-se 27 409 entrevistas nos Estados-Membros da UE27.

Para mais informações

Eurobarómetro Standard 94

[1] Os 27 Estados-Membros da União Europeia (UE), cinco países candidatos (Albânia, Macedónia do Norte, Montenegro, Sérvia e Turquia), a Bósnia-Herzegovina, a Islândia, a Noruega, a Suíça, o Reino Unido, bem como a comunidade cipriota turca, na parte do país não controlada pelo Governo da República de Chipre, e o Kosovo (esta designação não prejudica as posições relativas ao estatuto e está conforme com a Resolução 1244 (1999) do CSNU e com o parecer do TIJ sobre a declaração de independência do Kosovo).