Intervenção de Virginijus Sinkevičius, comissário europeu do Ambiente, Oceanos e Pescas, esta manhã, durante a sessão de abertura da Semana Verde Europeia 2020 que arranca hoje, 19 de outubro, com um evento que junta na Fundação Calouste Gulbenkian, durante todo o dia, personalidades nacionais e internacionais num debate em torno da Natureza e da Biodiversidade.

Um evento organizado por Lisboa, a Capital Verde Europeia 2020, e que pode acompanhar em streaming ou nas contas das redes FacebookTwitter da Comissão Europeia em Portugal e com o marcador #EUGreenWeek (Página do evento programa).

Faz fé o texto proferido

«Os meus agradecimentos ao senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e a toda a sua equipa pelo trabalho árduo desenvolvido para esta organização, em circunstâncias excecionalmente difíceis.

Tenho a certeza de que não era a conferência de abertura que tinham em mente. Mas parabéns pela perseverança e a determinação em fazê-la.

O tema da Semana Verde deste ano é a proteção e a recuperação da nossa preciosa natureza e biodiversidade.

É muito adequado que a abertura seja organizada por uma cidade vencedora do prémio “Capital Verde da Europa”.

As cidades bem planeadas, com parques e jardins interligados, não são apenas melhores locais para viver e respirar.

São também paraísos para a biodiversidade, mais ricos em vida selvagem do que muitos pensariam.

Tenho a certeza de que, daqui a pouco, ouviremos mais sobre o excelente trabalho realizado por Lisboa nestes domínios.

O surto de coronavírus trouxe desafios sem precedentes e as nossas vidas serão muito diferentes quando sairmos da crise.

Mas algumas coisas ficaram surpreendentemente esclarecidas. Para muitos de nós, a pandemia salientou a importância da relação entre as pessoas e a natureza.

Mostrou apenas um dos muitos perigos da perda de biodiversidade.

Quando perdemos a nossa natureza, estamos a prejudicar a rede vital de que dependemos e aumentamos efetivamente o risco de as doenças passarem da vida selvagem para as pessoas.

A Semana Verde é uma tentativa de corrigir esta realidade, de dar espaço à natureza nas nossas vidas. A natureza é a nossa rede de segurança — e chegou o momento de remendar os buracos na rede.

Os cientistas e os grupos de defesa têm vindo a repetir estas mensagens há muitos anos, muitas vezes com pouco êxito.

Mas o vento está a mudar. A biodiversidade e a natureza estão no topo da agenda política da UE.

Como afirmou a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, no seu discurso sobre o Estado da União, há algumas semanas, a natureza não pode continuar a pagar este preço.

Foi por isso que, em maio deste ano, durante a pandemia, avançámos com uma nova estratégia para a biodiversidade, que aborda todos os fatores determinantes da perda de biodiversidade, da utilização insustentável da terra e do mar até à sobre-exploração dos recursos naturais, à poluição e às espécies exóticas invasoras.

O calendário não foi por acaso. Foi adiada, devido à pandemia, e reforçámos a sua capacidade para contribuir para a economia da UE.

Assim, é agora um elemento importante do plano de recuperação da UE, com um papel no reforço da resiliência e na prevenção de futuros surtos, bem como uma fonte de oportunidades imediatas de negócio e investimento para ajudar a restabelecer a economia da UE.

Uma estratégia teórica não nos serve para nada. Tem de produzir as alterações de que necessitamos.

Isto significa que a implementação tem de ser feita no mundo real, a nível local.

É por isso que a Estratégia apela a todas as cidades com mais de 20 000 habitantes para que elaborem planos ambiciosos de ecologização urbana até ao final de 2021.

É uma oportunidade para Lisboa e para as nossas outras “Capitais Verdes” e cidades “Folha Verde”, para mostrar como pode ser feito.

Estas cidades pioneiras estão a realizar grandes progressos para aumentar o nível de sustentabilidade urbana.

Para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Estão a mostrar ao mundo o que é uma cidade verde e as coisas que podem ser realizadas.

É exatamente disso que precisamos. Temos de demonstrar que a transição para cidades mais sustentáveis e mais verdes pode criar zonas urbanas mais saudáveis, em benefício do planeta, dos nossos cidadãos e da economia.

A Comissão está a apoiar estas transições urbanas de todas as formas possíveis.

Na próxima semana, trabalharemos com os autarcas do “Acordo Cidade Verde”, a lançar na Semana das Regiões e dos Municípios.

O nosso objetivo é dar orientações e apoio e garantir a disponibilidade de financiamento para promover a mudança.

Juntos, podemos ajudar a moldar o futuro do ambiente urbano europeu e ajudar-vos a cumprir os compromissos definidos na Estratégia de Biodiversidade.

O objetivo é alcançar resultados. Quero que essa seja a palavra-chave da Semana Verde de 2020.»

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